segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A maldita "Inclusão Digital"

Uma pesquisa realizada em 400 escolas públicas em 13 capitais brasileiras constatou que os computadores estão sendo subutilizados nas instituições. Não por falta de infraestrutura, pois em 4 em cada cinco delas há acesso a internet banda larga, uma coisa que ainda é novidade em muitas regiões do país. Então o que há de errado?
Ontem mesmo conversava com um primo meu que relatava ter realizado uns sete ou oito cursos de informática desses que existem em cada esquina, e lamentava por não ter aprendido muita coisa. O que ele me dizia poderia ser bem estendido a essa situação. As pessoas quase nunca aprendem mexer em um computador dentro de uma sala de aula, e não adianta tentar inventar métodos de ensino mais e mais sofisticados, por que o problema não será resolvido.
Mas isso seria um indicativo de que os cursos na área de computação são inúteis? Não exatamente. Faço faculdade de Ciência da Computação e sei que não é bem assim. O que acontece é que o computador hoje já não é mais uma máquina limitada e estranha ao grande público, é um aparelho qualquer,com centenas de recursos e que as crianças milagrosamente já "nascem sabendo usar". E é justamente nesse uso que está a origem de todos os problemas.
É incrível como os políticos que criam programas de inclusão digital acham que os alunos de escolas públicas, ainda mais se tiverem menos de dez anos de idade, vão querer aprender como se faz uma pasta no Windows, ou então como faz para formatar um documento no Word. Eles sabem que o computador é uma máquina bem mais interessante, sabem que existem jogos que rodam nele, sites com seus desenhos animados preferidos, e por que não falar que já se interessam na pornografia abundante da rede? Assim como os jovens tem interesse pelas redes sociais e adultos em desvendar a web. As aulas de informática então, como são planejadas acabam se tornando tão úteis e proveitosas como lições de aramaico.
Outro ponto pouco lembrado é que a maioria dos cursos se fixa na utilização de um determinado sistema e um conjunto limitado de programas(entenda-se Windows, MS Office e Internet Explorer) e uma carga teórica pouco usada na prática(como conhecimento sobre funcionamento de bits e bytes e termos como unidades lógicas). Acontece que existe informática extra-Gates, predominâncias de sistemas e softwares podem mudar rapidamente o próprio governo brasileiro já se deu conta disso, tanto que as máquinas hoje distribuídas para as escolas vêm com o Linux. Mas na tentativa de extrapolar o básico, e ir para o prático esbarra-se na falta de capacitação dos docentes. Poucos, e poucos mesmo sabem ir além do básico no Windows e raríssimos tem conhecimento ao menos da existência do Linux (ironicamente isso confirma o argumento de Bill Gates que disse que os custos em treinamentos para o uso do Linux superaria o preço da licença do Windows), resultado, máquinas paradas.
Eu tenho uma opnião, que não vou defender por ser bastante pessoal, de que não se deveria ensinar informática ou usar computadores no ensino básico e em muitos casos no ensino médio no Brasil. Não há preparo, não têm tempo, os alunos mal sabem matemática e português e dessa forma nunca vão entender um Excel. Esse conhecimento deveria ser considerado restrito demais para ocupar a grade, assim como são restritos os cursos profissionalizantes. Não defendo a exclusão digital(que inclusive colocaria em risco meu futuro profissional), mas uma mudança de ponto de vista em relação a inclusão.

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