domingo, 17 de janeiro de 2010

Duelo de titãs

Dois grandes buracos negros se colidem na Terra. Não, não tem nada haver com astronomia e nem é um roteiro para algum filme tratando sobre o fim dos tempos. É simplesmente uma metáfora para descrever a colisão de interesses de dois gigantes que assustadoramente não param de crescer: A China e o Google.

Não é uma notícia assim tão nova, mas vem tomando proporções de uma batalha épica aos poucos, e o enredo se bem manejado poderia render facilmente um bom filme. O maior representante do novo mundo digital contra o irônico atual mais bem sucedido país do mundo capitalista(se é que ainda existe um mundo comunista). E o que aconteceu? Isso é uma longa história...

Era uma vez um país colossal com população idem, saindo de um regime comunista um tanto quanto falido e que por seu espantoso crescimento econômico atrai a atenção de uma grande empresa de tecnologia que havia nascido há pouco tempo em um país que antes era seu inimigo.

Esse país e essa empresa resolvem fazer um acordo que iria satisfazer a vontade de ambos. A empresa iria renunciar um pouco a sua política de disseminação indiscriminada de informação, típica da internet, para manter a moral no país em que entrava e assim atrair a sua amizade.

Quando tudo parecia ir bastante bem, eis que a empresa é atacada para atingir indiretamente inimigos do país, que lutavam pela liberdade de informação. A empresa indignada ameaça não só romper o acordo, mas como também sair do pais.

Traduzindo. A Google teve seus arquivos mais secretos invadidos por hackers desconhecidos, que roubaram várias informações sobre ativistas contrários ao governo chinês. A empresa se sentido ferida e desrepeitada ameaçou suspender a censura as buscas que incomodavam o governo chinês, tais como o massacre na Praça da Paz Celestial e a libertação do Tibet.

O mundo, pelo menos a parte que se diz democrática e parece o sê-lo, ao saber do ocorrido, partiu em defesa da Google. Muitos esqueceram que apesar de parecem diferentes, os dois adversários tem muita coisa em comum.

O Google é talvez uma das coisas que mais próximo chegou do monstro descrito por George Orwell no livro 1984. Nele o Grande Irmão ( ou Big Brother- isso mesmo, Big Brother) é uma figura que está em todos os lugares a controlar e observar a população para que sejam mantidos os seus próprios interesses. Ora, controlar e observar a população é uma grande tendência dos governos ditatoriais, como o da China. Ao final então, quem é o vilão?

Nessa situação a Google sai como mocinha pois foi atacada primeiro. Mas a sua ameaça de sair do país pode ser muito mais uma estratégia econômica do que uma defesa à liberdade de informação. Na China o seu buscador não é o mais usado, a participação é tão baixa que talvez fosse melhor sair ou ameaçar sair para fazer um certo marketing ou reorganizar as estratégias.

A questão é tão embraraçosa que já está virando um embróglio diplomático. Os Estados Unidos disseram que irão apresentar uma crítica formal perante a China por causa do incidente.Seria para tanto. Será que o poder e os interesses da Google sozinha já rivalizam com os dos países mais poderosos do mundo? A resposta pode ser um assustador sim.

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